quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Saio devagar

Bato a porta, saio devagar,
Olho só mais uma vez,
Águas mansas e a nudez
Frágil como a vida.

Não podia ser de outra maneira:
Uma mão cheia de nada.
O riso. A lágrima. A sorte. A sina.
É a brisa onde adormeço.

É a lua. Fim da tarde.
Tudo muda, tudo parte,
Tudo tem o seu avesso.

Quente como a tua mão
Frágil a memória da paixão...
Não, nunca me esqueci de ti.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uma Palavra






Uma palavra...

Uma palavra.
Um motivo.
Um coração à deriva
E a tristeza

Amarga.
Sem vontade.
Um frio
Mudo e lento.

Nada deixou.
Nada disse.
Nenhum recado.

Um coração
Desvairado.
Foi notícia no jornal


Indaial, 16 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010


(marco struve - fotógrafo)




Eu queria estar atado....

Eu queria estar atado ao cais
Com suas pedras perfeitas e lisas
Enquanto o mar ameaça minha proa
E se erguem todos os vendavais

Não queria ter esse mundo movediço,
Nem esse desejo de voar como os pássaros,
De romper fronteiras e saltar sobre muros
Com a força bruta dos musgos brotando nas frestas.

Queria me enredar na seda dos casulos desertos
E colocar a mão na noite que se estende
Afundado nessa tristeza que bate e bate e bate

Como se o mundo chegasse ao fim de uma dança.
Hoje não queiras saber de mim, perdi toda a graça.
Amanhã, como toda tempestade, essa também passa


Indaial, 16 de fevereiro de 2010.


quarta-feira, 6 de outubro de 2010







Tu és a minha mais louca fantasia...



Tu és a minha mais louca fantasia

Tango dançado ao luar.

Beijo louco e repentino.

Sombra do teu destino.

Meu sonho mais atrevido.

Um suspiro escondido.

Um vestido molhado.
Um desejo apertado.
Uma noite esquecida.
Uma duna ancorada.
Dois corpos despidos
Uma praia qualquer.
Um pedaço de mar.
Um dia devagar.
Uma toalha no chão.

Um rastro de avião

Num pedaço de céu.
Uma noite inquieta.
Uma voz de poeta.
O resto da vida.

Indaial, 11 de fevereiro de 2010.