quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

28 de janeiro de 2010


VII

Vou apaixonar-me
Sem me importar
Se vai durar
Um ano ou um mês
Por saber que no fim
Duma paixão
Espreita sempre
Um deserto
Vou apaixonar-me
Para saber
Que ainda
É possível
Escrever
Canções de amor


Indaial, 05 de janeiro de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Indaial, 27 de janeiro de 2010


eu estou lendo um livro fantástico! "VIVER & ESCREVER" da Edla Van Steen. São entrevistas feitas por ela nas décadas de 70 e 80 com alguns dos maiores romancistas, contistas, poetas e dramaturgos em plena atividade literária.

Disso surgiu uma vontade de responder algumas das perguntas que ela fez a pessoas como Mario Quintana, Origines Lessa, Nélida Piñon, Dias Gomes, Jorge Amado, Lêdo Ivo, Menotti Del Picchia, João Cabral de Melo Neto, Plínio Marcos, Raduan Nassar, Fernando Sabino, entre outros.

Isso será um projeto novo. Refletir sobre muitas coisas, minha vida, minha obra poética, minha obra como artista plástico, como fotógrafo, como ser humano. Mas por enquanto segue uma entrevista dada em julho de 2002 para os alunos do curso da 8.ª Fase de Letras Vernáculas da FURB.

Espero que gostem!



Universidade Regional de Blumenau.
Centro de Ciências da Educação
Curso de Letras Vernáculas
Disciplina de Língua Portuguesa VIII
Professora: Dinorah Krieger Gonçalves
Entrevistadora: Solange Kolm
Entrevistado: Marco A. Struve
Nome ( Verdadeiro / artístico): Marco Antônio Struve


Quando e onde nasceu: Indaial, Santa Catarina, no hospital Beatriz Ramos as 07:45 da manhã, dia 15 de setembro de 1962


Formação: Cirurgião Dentista formado pela UFSC, em 1985. Ex-acadêmico de Administração com Habilitação em Marketing, pela ASSELVI. Mestrando em Mídia e Conhecimento na UFSC.

De 1a. à 4a. série estudei na, então, Escola Básica Raulino Horn em Indaial, a partir daí, estudei no Colégio Franciscano Santo Antônio, ou seja da 5a. série ao 3o. Científico.


Sabemos que no Brasil a profissão de escritor é, de certa forma, pouco valorizada. Você somente escreve ou tem outra profissão?

Trabalho como cirurgião dentista em Indaial desde 1985, quando me graduei. Paralelamente a isso fui professor de língua e literatura portuguesa no Colégio Estadual Frederico Hardt, e atualmente faço parte da equipe de professores de Metodologia do Trabalho Científico do Instituto Catarinense de Pós-graduação - ICPG.


Como foi sua vida escolar?
No primeiro grau e no científico eu diria que foi absolutamente normal. Nunca fui o aluno mais brilhante, mas nunca fui o mais medíocre. Por outro lado fui o primeiro colocado no vestibular de 1981 e o segundo melhor aluno de Odontologia. Em 2002 recebi o prêmio de mérito acadêmico da ASSELVI.

Você lia ou escrevia bastante na época da escola? Era destaque no ambiente escolar?

Lia, e sempre li, compulsivamente. Quando fui estudar em Blumenau me senti um pouco isolado. Eu não era de Blumenau e não tinha mais contato com meus amigos em Indaial. Da 5a. à 8a. série li todos os 50 volumes da coleção "Os clássicos da literatura" - de "Ana Karenina" de Tolstoi à "Contos" de Voltaire, de "Ficções" de Jorge Luiz Borges à "Os Irmãos Karamazov" de Dostoievski. No primeiro ano de faculdade tive de ler "Romeu e Julieta" de Shakespeare no original para a disciplina de inglês, isso me levou a ler quase toda a obra dele em inglês, o que me fez aprimorar muito a língua.

Nesta época eu escrevia pouco. Acho que ainda escrevo pouco. Nada de muito destaque.

Como você via a escola como estudante? Como você vê agora?

Esta pergunta me lembra algo que eu estou explorando agora, a "fenomenologia hermenêutica" criada pelo professor Max Van Mannen, da universidade de Alberta, Canadá, e que busca resgatar através do texto a experiência vivida do indivíduo.

O primário me parecia uma tortura. Eu aprendi a ler aos 6 anos com uma prima minha que fazia magistério em Timbó. Isso na época era algo excepcional. Você só entrava na escola aos 7 anos (quem completava 7 anos depois de 31 de junho só era admitido no ano seguinte). Meu primeiro livro foi "Mickey vai passear" que eu tenho guardado até hoje. Isso talvez tenha feito com que eu não tenha sido um aluno brilhante neste período. Quando eu li a frase toda ao invés de ler silaba por silaba a professora teve uma crise histérica, gritou comigo como se tivesse feito algo horrível, dizendo que eu devia ficar de boca fechada, que eu estava prejudicando os colegas, que se eu abrisse a minha boca novamente sem ela mandar eu seria expulso da escola e ai me tornar um delinqüente.

Isso quando você tem 7 anos é algo aterrador. Quando você tem paixão por aprender esta ameaça é uma violência inenarrável. Eu me senti aprisionado, angustiado, desesperado por ter todos os dias que ir a um lugar no qual havia alguém que me odiava e que talvez tivesse medo de mim. Isso acabou me levando a ficar isolado dentro da sala de aula. Eu sempre sentei na ultima carteira do lado esquerdo da sala e escondi o que sabia. (eu nunca havia refletido sobre isso). Eu só deixei este lugar no 3o. Científico.

Durante as primeiras séries ir à escola era uma tortura, mais por outro lado, a biblioteca municipal ficava ao lado da minha casa. Eu não gostava de livros de aventuras, era apaixonado por enciclopédias. Livros sobre história. Na 3a. ou 4a. série li dois livros que me marcaram: "O romanceiro da inconfidência" de Cecília Meireles e "Os Lusíadas" de Camões.

Na faculdade de odontologia a coisa não foi muito diferente daquilo que eu havia vivido na 1a. série do primário. No momento em que fui questionar um professor com base em uma tese publicada em inglês na Suécia, a professora me mandou ficar quieto, ela dava aquela matéria há 25 anos e enquanto eu fosse aluno tinha de fazer o que ela estava mandando. Eu deveria ter primeiro um diploma para depois ir falar com ela para tentar ensinar algo.

Eu só me senti livre dentro de uma escola a ponto de corrigir professores, discordar deles, construir e reconstruir conhecimento junto com os demais alunos e com os professores na ASSELVI. Foi só neste momento que eu senti prazer em ser aluno. A decisão mais difícil foi ter de abandonar a ASSELVI para me dedicar de forma mais exclusiva ao mestrado.

A escola hoje é diferente da escola do meu tempo como aluno. O conhecimento flui de uma forma mais rápida e mais acessível. O professor não é mais o dono exclusivo do conhecimento e da verdade.


Foi em algum momento da vida escolar que surgiu o interesse pela produção de textos literários?

Não. Eu comecei a escrever bem depois disso. Na verdade eu me tornei um escritor incentivado pela Diretora da fundação indaialense de cultura na época de sua fundação, Apolônia Gastaldi. Ou seja, eu só me considero escritor a pouco mais de 15 anos.

O que é ser escritor na cidade de Indaial? Região?

Algumas vezes, uma grande responsabilidade. Algumas vezes, divertido. Ser escritor na nossa região é tão difícil quanto ser escritor no resto do país. Principalmente ser poeta é muito difícil. As editoras não acreditam no potencial comercial dos poetas. Eles ainda acham que poesia não vende e isto faz com que tenhamos de bancar nossas próprias edições, o que nem sempre é possível.

De uma maneira geral é gratificante porque há um reconhecimento, uma admiração, um respeito pelos escritores em nossa região. As artes são ainda cultuadas em nossas cidades e famílias. A sua opinião é ouvida, é pedida.

Seu trabalho é bastante divulgado ou restringe-se à nossa região?

Tenho textos publicados em todos os países de língua portuguesa e espanhola do mundo. Poemas, orações, textos sobre o Lions, do qual faço parte e sou atualmente secretário, são constantemente publicados. Faço parte do Comitê Nacional do Editores de Boletins Leonísticos - CNE, e isto é um veiculo para a divulgação de uma parte significativa do meu trabalho como escritor. Sou conhecido e reconhecido dentro do Lions em todos os estados brasileiros. Meu mais recente livro é uma coletânea de "invocações a deus", orações lidas no início das reuniões do Lions Clube de Indaial e teve uma vendagem expressiva principalmente no rio grande do sul e Paraná.

Qual é o seu escritor (a) favorito (a)? Que influência ele (a) teve em sua obra?

Escolher um seria uma injustiça muito grande. Existem 4 pessoas fundamentais para a minha poesia, e estão listados aqui não numa ordem de importância mais em uma ordem de aparecimento na minha vida.

Cecília Meireles: Cecília entrou cedo na minha vida. Mais cedo até do que eu imaginava. O meu primeiro presente, o primeiro mesmo, foi um livro da Cecília chamado "Rui, apequena vida de um grande homem" contando a vida de Rui Barbosa. Depois vieram "O romanceiro da Inconfidência" e quase toda a obra em verso dela. Há uma aproximação não só da poesia no aspecto formal, mais principalmente na temática autobiográfica. A nossa infância, a minha e a dela, foi cercada por pessoas idosas e pela solidão, e esta solidão levou a uma introspecção e uma auto reflexão ao mesmo tempo em que produziu uma certa independência emocional. Nós nos bastamos. A solidão não nos assusta algumas vezes nos angustia, mas não nos é insuportável.

Lindolf Bell: Bell entrou na minha vida como um ídolo. Eu estudava no Santo Antônio e a presença do Bell era algo festejado no colégio, mas eu teria acesso à poesia de Bell somente na época de fundação da FIC. Nós fomos formalmente apresentados em uma exposição na qual eu havia sido convidado para fazer a abertura. A partir daí iniciou-se uma amizade e um respeito mútuo pela obra um do outro que durou até a morte dele. Nós falamos da mesma coisa, nós temos um rio comum e um vale comum. As mesmas andorinhas e os mesmos pores-do-sol. Há muito da poesia de Bell na minha poesia.

Manoel de Barros: Manoel de Barros foi um destes encontros ao acaso na Internet. Virou paixão alucinada. A forma como Manoel constrói as metáforas e as frases foi algo que me influenciou de maneira explicita. A substituição de sentidos, a construção de personagens, a matéria de poesia, a coisa simples e ordinária como uma formiga, ou uma folha no vento, ou uma ave construindo o ninho, ou uma cigarra ao fim da tarde, tudo isso vira matéria de poesia. E isso eu aprendi com ele. Olhar a natureza e principalmente o rio com outros olhos. E há em Manoel uma vantagem que não existe nos outros dois, ele continua vivo e escrevendo.

E finalmente, Federico Garcia Lorca: a paixão pelas mulheres e pelas paisagens, a construção cromática e o calor da poesia de Lorca é algo que busco mostrar na minha poesia. Algumas vezes pessimista demais, algumas vezes otimista demais, mais nunca indiferente, nunca igual, nunca imóvel diante das coisas.

Existiriam muitos outros poetas e escritores, como Pablo Neruda, Mário Quintana, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto.



Qual foi sua primeira obra? Qual você mais gostou de escrever? Quantas obras são ao todo?

Minha primeira obra foi "Possível Infinito" que reúne os textos escritos entre 1962 e 1997. Foi um grande recolhimento de poemas espalhados em folhas avulsas e cadernos. Foi minha iniciação como escritor, ou melhor, a minha primeira exposição como escritor. Foi a primeira reunião de poemas com o objetivo de serem mostrados. Há muita coisa boa. Há muita coisa ruim. Mas como diria o Manuel Bandeira, até o Drummond só escreveu algo que presta depois dos 40* (Trecho de um diálogo entre Manuel e Carlos transcrito pelo último no livro "O observador no escritório" - Carlos Drummond de Andrade).

O segundo livro foi um projeto desenvolvido em conjunto com a artista plástica Paloma Hernandes, são 11 poemas escritos entre 16 de agosto e 17 de setembro de 1990. Inspirados por poemas de Cecília Meireles. Daí o título: "11 canções em busca de Cecília".

O próximo livro seria "Navegação Costeira". Os poemas aqui reunidos foram escritos entre 17 de setembro de 1990 e 11 de março de 1993. Foi o um trabalho consistente do ponto de vista temático, apesar de extremamente esparso e pequeno levando-se em conta o período de tempo abrangido, realizado de 1993 até 1997. Neste período nós nos limitamos a escrever circunstancialmente ou a reescrever poemas antigos. Que acabaram reunidos com o título de "Possível Infinito".

O livro seguinte chamado "Todos os meus amanhãs" é compostos de 10 poemas todos escritos de um fôlego no dia 10 de novembro de 1997 ao som do disco "All my Tomorrows" de Grover Washington Jr. Daí até o título dado aos poemas. Na manhã do dia 12 de novembro acrescentaria a estes poemas "Autobiografia". Meu poema mais longo e o início de uma fase bastante inspirada. Que levaria a produção de "Equilíbrio Impossível" que reúne os poemas escritos entre 13 de novembro de 1997 e 07 de Fevereiro de 1998. E posteriormente "O círculo Inverso" que reúne os poemas escritos entre 21 e 31 de julho de 1998. Que seriam reunidos em um único volume denominado "Equilíbrio Impossível" editado de forma artesanal e numa edição limitada a 33 exemplares. E que daria origem a um projeto chamado Forma Inversa - Inversa Forma, que era a ilustração dos poemas pelas artistas plásticas Paloma e Denise Patrício que se realizou na FIC - fundação Indaialense de Cultura em setembro de 1998.

Os poemas escritos entre 12 de agosto de 1998 e 25 de dezembro foram reunidos em um novo livro chamado "A arte de ser imperfeito" que foi prefaciado por Apolônia Gastaldi:

"A Arte de Ser Imperfeito", poesias - 1998, do poeta Marco Antônio Struve mostra mais uma vez a facilidade que o autor tem em revelar. Mas, é o modo de como se coloca, a forma usada para revelar que faz de sua poesia uma expressão singular. É um poeta elaborado, fecundo em imagens, cenários, memórias, emoções. Elaborado não porque depende ou usa métodos ou formas acadêmicas, mas sim, porque seu intelecto é fecundo. Tem como construir o universo das palavras de maneira limpa, breve e sutil. Diz com clareza. Emociona com farturas de sentimentos. Nada é vulgar em seu canto poético. Tudo é humano, íntimo, revelador. Não há esforço para mostrar a alma. Tudo vem como confissão.

Marco Antônio Struve nasceu poeta. Isto ocorreu pela constante capacidade que o poeta tem, sempre teve, desde a infância, de ver alem ver mais, penetrar a alma de pessoas, seres, coisas, chuva, vento, verdes,... ... Primaveras, outonos e muito mais."

Atualmente estou trabalhando junto com os artistas plásticos Arian Grasmuck, Lígia Rousenk Neves e Pita Camargo, na reedição de uma exposição dos poemas inspirados e como fonte inspiradora das obras de arte. E esta exposição acontecera em agosto na FIC em Indaial. Nos, eu, Arian e Pita, já havíamos trabalhado juntos em 99 na exposição "A arte de ser imperfeito". A base deste trabalho é o livro "A dinâmica do Risco e outros poemas", que eu ainda estou escrevendo.

Mas destas obras todas, os únicos poemas publicados de fato foram os incluídos no livro "Literatura em Indaial".

Em abril deste ano foi lançado o livro "Orações a caminho do servir" que reúne orações feitas para o Lions Clube de Indaial, nos últimos 3 anos e usadas como invocação a deus no inicio das nossas reuniões.



Você procura relacionar o conteúdo de suas obras com fatos da atualidade? Se fosse iniciar uma nova obra, utilizaria nela o contexto histórico atual?

Nos poemas não. A realidade dos poemas é a construída pela emoção do momento da concepção do poema. Como você pode observar na cronologia das obras, existem alguns lapsos criativos nos poemas. Eu em alguns momentos produzo alucinadamente e em outros, passo até dois ou três anos sem escrever nada novo. Embora isso seja uma certa falácia no que diz respeito a tudo que eu escrevo. Eu escrevo semanalmente uma oração e um texto chamado instrução leonística que esta ligada diretamente às minhas atividades dentro do Lions Clube de Indaial, e ai sim existe uma preocupação em tratar os temas com uma certa atualidade e um certo comprometimento social, buscando ser instrutivo e crítico ao mesmo tempo.

Eu diria que os meus poemas são atemporais principalmente por que falam de mim e para mim. Eu não escrevo para agradar aos outros mais para limpar a alma. Para exprimir emoções. A identificação dos outros com a minha poesia é conseqüência do estado de espírito de quem esta lendo. Mais ou menos como a cena do livro o carteiro e o poeta em que a mãe da namorada do carteiro diz que ele havia visto a filha nua, porque ela encontra um poema escrito por ele e que descreve a moça. Na realidade o poema havia sido escrito por Pablo Neruda para a esposa Matilde. O poema na verdade é de quem o lê e não de quem escreve.


Qual o ritmo de sua produção? Você tem pressa em terminar um livro?

Como eu já havia dito anteriormente eu não tenho nenhuma pressão editorial para acabar um livro. No máximo uma pressão para iniciar uma exposição. Eu escrevi os poemas para esta nova exposição entre janeiro e maio deste ano.

Os livros vão fluindo naturalmente, algumas vezes de maneira mais rápida outras de maneira mais lenta, mas não sou eu que os termino, eles se esgotam em si mesmos, eles me dizem quando estão prontos, e são eles mesmos que acabam se batizando, algumas vezes até contra a minha vontade.

Qual é a importância da Associação Indaialense de Escritores? Há quanto tempo foi fundada? Onde é a sede?

Não existe uma Associação Indaialense de Escritores, o que existe atualmente em Indaial é uma reunião semanal dos escritores, poetas, artistas plásticos, musico e algumas pessoas normais (risos) aos sábados a tarde, sempre às 17 horas, no Café Revista, um misto de cafeteria e banca de jornal, no centro de Indaial. Estes encontros acontecem desde o início do ano, para ser exato 23 de fevereiro foi lançado o manifesto de criação do fórum de discussão sobre artes. O curioso é que como nós nos reunimos à tarde, numa cafeteria, isso acaba deixando a arte indaialense muito sóbria (risos, por favor)

Qual a sua mensagem para nós, futuros professores de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira?

Usem o coração no momento de ensinar. Estejam muito mais dispostos a aprender com estes seres humanos maravilhosos que são os alunos, do que a impor suas teorias. A vida dos alunos é muitas vezes uma lição de superação e vitoria muito maior e mais importante do que qualquer livro escrito sobre teoria da educação. O conhecimento precisa ser reconstruído a cada dia através da integração das pessoas, ele precisa ser desconstruído todos os dias pela dúvida, e reconstruído pelas descobertas que as pessoas podem e devem fazer juntas.
Nunca desistam de seu ideal e de sua missão de educar. "Mesmo que venham ventos contrários nunca desanimeis" já dizia Santa Paulina. O salário é uma merda mais o sorriso no rosto e a certeza de construir um ser humano mais humano é muito mais gratificante.

"Usem protetor solar.


Se eu pudesse lhes oferecer só uma sugestão a respeito do futuro seria isto: usem protetor solar. Os benefícios a longo prazo do uso do protetor solar já foi demonstrado por inúmeros cientistas, já o resto dos meus conselhos não tem nenhuma base científica mais fiel que a minha própria e vaga experiência.

Desfrute o poder e beleza de sua juventude. Não importa o que você ache de si mesmo. Você não entenderá o poder e beleza de sua juventude até que eles desapareceram. Mas confie em mim, daqui a 20 anos, você olhará novamente suas fotografias e recordará, de um modo que você ainda não pode entender agora, quantas possibilidades de se apaixonar e se divertir você não pôde agarrar quando passaram na sua frente e como você era realmente bonita.

Não se preocupe com o futuro. Ou se preocupe, mas saiba que se preocupar com o futuro agora é tão produtivo quanto tentar ensinar analise sintática numa Sexta feira à noite para o pessoal do curso noturno. O problema real em sua vida é estar preparado para ser coisas que nunca passaram por sua mente.


Faça diariamente alguma coisa que o assusta. Cante.


Não esteja despreocupado com os corações das outras pessoas. Não agüente as pessoas que estão despreocupadas com seu. Não desperdice seu tempo com ciúme.


Às vezes você estará à frente, às vezes você estará atrás. A corrida é longa, e no fim, é só consigo mesmo que você poderá contar. Se lembre dos elogios que você receber. Esqueça dos insultos. (Se você tiver sucesso fazendo isto, me conte como)


Conserve suas velhas cartas de amor. Jogue fora seus velhos extratos bancários.

Não se sinta culpado se você não sabe o que quer fazer com sua vida. As pessoas mais interessantes que eu conheci não sabiam aos 22 anos o que eles queriam fazer com as suas vidas. Algumas das pessoas mais interessantes de 50 anos que eu conheço ainda não sabem, também.

Talvez você se case, talvez não. Talvez você tenha filhos, talvez não. Talvez você se divorcie aos 40, talvez você dance uma valsinha ridícula em seu 75º aniversário de casamento. Para qualquer coisa que você faça não se felicite muito por seus acertos, ou se repreenda muito pelos seus erros. Suas escolhas têm cinqüenta por cento de chances de darem certo. Assim como a escolha das todas as outras pessoas.


Dance. Dance, até mesmo se você não tiver nenhum outro lugar para fazer isso além de sua sala de estar.


Leia todas as placas que indicam direções, até mesmo se você não for segui-las.


Não leia revistas de beleza. Eles só lhe farão sentir feio.


Consiga conhecer seus pais. Você nunca sabe quando eles irão partir para melhor. Seja agradável com seus irmãos. Eles são seu melhor vínculo com seu passado e provavelmente as únicas pessoas que vão se importar com você no futuro.


Entenda que os amigos vêm e vão, mas como um prêmio precioso você deveria conservar alguns porque quanto mais velho você fica, mais você precisa das pessoas que o conheceram quando você era jovem.


More uma vez na Cidade de São Paulo, mas deixe-a antes de ela o torne duro demais. More uma vez no nordeste, mas deixe-o antes ele o faça mole demais.


Aceite certas verdades inalienáveis: Preços subirão. Políticos vão trapacear. Você também envelhecerá. E quando você envelhecer, você fantasiará que quando você era jovem, os preços eram razoáveis, os políticos eram nobres, e as crianças respeitavam as pessoas mais velhas. Respeite os seus velhos.


Não espere ninguém para apoiá-lo. Talvez você tenha um fundo de aposentadoria. Talvez você tenha um cônjuge rico. Mas você nunca sabe quando qualquer um dos dois pode lhe deixar na mão.


Tenha cuidado de quem você compra conselhos, mas seja paciente com quem lhe quer dar conselhos. Conselhos são uma forma de nostalgia. Distribuí-los é um modo de resgatar o passado da dispensa, lavá-lo por fora, pintar em cima das partes feias e reciclá-lo para fazê-lo parecer mais valioso que seu preço real.


Mas confie em mim sobre o protetor solar." (Mary Schmich, adaptado e traduzido por mim)


Que conselho você daria ao estudante do Curso de Letras que sente vontade de escrever um livro?

Vá em frente, não importa o que lhe digam. Se você acreditar em você mesmo, vá em frente. Um diretor da Fox disse que Fred Aster não sabia dançar, um técnico do Vasco disse que o Romário era muito baixo para jogar futebol, o Pelé disse que a Colômbia ia ganhar a copa do mundo em 1994, um professor disse que eu escrevia tão mal que nunca iria passar no vestibular por causa da redação.

"Ninguém pode dar conselhos ou ajudar - ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse proibido escrever? Escave dentro de si uma resposta profunda." e termine de ler este livro: "Cartas a um jovem poeta" de Rainer Maria Rilke. Foi o conselho que me deram Mário Quintana e Lindolf Bell, quem inclusive deu-me o exemplar que possuo.

Algumas vezes escrever vai ser mais importante que viver, outras não. Mas tenha consciência de que escrever é um ato solitário, não importa que você esteja no meio de um show do Thezorden no Bistrô 69 lotado. Escrever é uma relação entre você e o papel, mais ninguém. Ler pode ser coletivo, escrever nunca.


Espaço para outras considerações

Obrigado pela oportunidade e espero ter podido ajudar a todos.
PS: estou enviando anexo uma coletânea de poemas, espero que gostem.

Um abraço a todos com todo o meu coração

Marco Antônio Struve

Os acadêmicos da 8.ª Fase de Letras Vernáculas da FURB agradecem a sua preciosa colaboração
Blumenau, Junho de 2002.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Indaial, 13 de janeiro de 2010

VI

Vida em câmara lenta
Sinto que vou submergir
Em todas as canções de amor

Indaial, 05 de janeiro de 2010
Indaial, 13 de janeiro de 2010

VI

Vida em câmara lenta
Sinto que vou submergir
Em todas as canções de amor

Indaial, 05 de janeiro de 2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

V - CORAÇOES PERIFERICOS

Na cidade
O sol se põe
A cigarra
Jaz muda
Sob o cimento

A noite cai
Com tênues
Lâmpadas
Simétricas
Meu coração vadia
Na tristeza
Escrevo apelos
Nas esquinas
Com olhos
Mal acordados
Bebo a paisagem
No verão

Indaial, 05 de janeiro de 2010

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

III

Ontem as águas estavam serenas
Esperando os gestos de despedidas
Dos que se foram embora esta tarde

Quando a minha vez chegar
Não vou levar nada comigo
Nem o pôr do sol na janela

Indaial, 04 de janeiro de 2010

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

II

O vôo da borboleta
Espiral no corpo do poeta
Percorre a linha reta

Numa folha secreta
Sai da ponta da caneta
Um pouco da mágoa do poeta

E cai no fundo da gaveta
No fundo de uma gaveta
Um pouco de sua alma secreta

Indaial, 04 de janeiro de 2010

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


MarcoStruve


Fiz-me ao mar
Com lua cheia,
Com vagas de olhos
Submersos
Perdidos na imensidão.
Ancorado num rochedo,
Arquipélagos ao luar
Com areias estendidas,
Contra a cegueira do mar,
Esperando,
Veleiros perdidos
Trazendo-me.
Teu olhar

Indaial, 04 de janeiro de 2010

domingo, 3 de janeiro de 2010






03 de janeiro de 2010

Jura que não seremos apenas uma aventura
Dessas que acontecem num verão
E depois se desvanecem
Sem lembrança boa ou má

Jura que não vais ter uma aventura
Porque eu hei de estar sempre ao teu lado
Porque eu hei de ser tua aventura
O teu amor e a tua razão serena

Mas jura que se tiveres uma aventura
Vais contar uma mentira
E jura que se tiver de ser
Ao menos que valha a pena
E depois volta com cuidado e com ternura
Sem fazer nenhum coração sofrer
02 de janeiro de 2010

O ano chegou
com seus mortos,
seus sobreviventes,
a inconcebível dor
que se repete
nos aparelhos de TV.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

01 de janeiro de 2010:

Começou hoje um ano novo! Um ano inteiramente novo com todos os seus desafios e todas as suas possibilidades.

O futuro eu não prevejo e nem pretendo prever, apenas planejo ser feliz e tenho certeza da construção dessa felicidade! Apenas sei que os amigos estarão sempre no coração, alguns longe, outros perto, alguns sempre, outros apenas algumas vezes, alguns reais, outros apenas virtuais, mas todos são e continuarão a ser sempre, especiais na minha vida e a fazerem parte dela de uma maneira irremediável!

Esse novo ano será construído cada dia, um de cada fez, então, que venham os desafios, que venham os trabalhos, que venha a dedicação, os esforços, as vitórias, as realizações, o dinheiro e o reconhecimento.

Que venha, ou melhor, que continue presente na minha vida todos os dias, o amor, a sintonia, o respeito, a admiração, a identificação, o companheirismo, mais amor, mais aprendizado, mais força. Que venham as surpresas intensas, as loucuras, as vontades, os sentidos excitados, os prazeres, o tesão, o gozo.

Que venham as viagens, os novos amigos, as músicas que tocam no coração e emocionam, as músicas que tocam nas baladas e nos fazem dançar, as festas, as fotos, as conversas nas madrugadas, as trocas de experiências e conhecimentos.

Que venha o equilíbrio, o conhecimento, o crescer vivendo e o viver crescendo, a auto confiança e a esperança. Algumas saudades, mas muita energia, vontade, desejos, objetivos, metas.

Que venha 2010! Eu estou pronto para lutar por tudo que eu quero!