quinta-feira, 23 de julho de 2009

Stone Celebrations II - Marco Struve


Reconheço...


Marco Antonio Struve



Te reconheço no vento soprando
Perfumes e tranças desfeitas
Na luz que o azul ensina
Àquela nuvem pequenina.

Te reconheço na lua que me fita
Com teus olhos de ausência
E perplexidade de ser eterna
Como as flores do tamarindo.

E nestes remorsos de tantos equívocos
E o medo de mar e o de não amar
Nas noites mortas, tardes e auroras

E nesta esperança impossível,
De contar o que não se conta
E te pertencer neste beijo.

domingo, 5 de julho de 2009

ST - Marco Struve




Cartas

Marco Antonio Struve


A mesma tinta azul
Levemente melancólica
Vai escorrendo sob cartas,
Poemas e saudades guardadas.

Inscritas no peito,
As palavras desfeitas
Perdidas em si mesmas,
Janelas demolidas e estrelas

A caneta, o papel pautado,
O vasto íntimo pacificado
Nos teus lábios úmidos.

Na tua ausência. Na brisa
Cortando o lago dos teus olhos.
A metáfora além da data escrita.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

ST - Marco Struve

Outono

Marco Antonio Struve


Meu sonho se desfez para sempre.
Minha voz se quebrou na manhã.
Minha vida é infinito deserto e ilusão.
Meu coração aprende a tragédia outonal.

Guardo os momentos de tristeza.
Leio no espelho os olhos comovidos
E as auroras sobre a água do rio
Inchado pelas chuvas de silêncio.

Eu tenho a amargura solitária
E finjo a tristeza melancólica da tarde
Em minha alma de cantos desprendidos.

Levo as palavras de delírio ao vento.
Eu me dissolvo em formas e paixões
Enquanto descansam as estrelas adormecidas.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Olho (Elke Littig) - Marco Struve


Melodia

Marco Antonio Struve

Quanta melodia tens entre as casas vazias
E os poços sem água?
Quanta melodia tem o dobrar de um sino
Perdido na névoa?
Quanta melodia tens em tuas mãos
De primavera?
Quanta melodia tem minha alma antiga
De menino maduro?
Quanta melodia tens em tuas pupilas
Feridas por lágrimas mortas?
Quanta melodia tem os versos de paixão
E o papel manchado de tinta?
Quanta melodia tem o silêncio da noite
Sobre o infinito?
Quanta melodia tem a alma dos pássaros?

Em todas as canções as minhas incertezas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ninféia - Marco Struve


Queria desnudar tua alma


Marco Antonio Struve


Queria desnudar tua alma
Revelar tuas palavras
Desarmar tuas armas
Ser parte da tua fé
Vender meu tempo por teu amor
Perder-me na solidão da tua cama
Queimar-me com tua pele
Com meus sentidos expostos
E dor dos meus textos nos olhos

Libelulas - Marco Struve


Coração

Marco Antonio Struve


Nenhuma palavra me interessa
Prefiro o coração ridículo.
Quem sabe o que sei?
Quem sabe o que sinto?
O que sei, qualquer saberá
Todos podem saber entender.

O que sinto, segue à flor da pele.
Não se envergonha de chorar.
Se arrepia com o desejo de um beijo.
Me faz acordar ofegante
No meio da noite.
Aceita o escândalo em teu corpo.
Entrega-se ao corpo revolto.
Inventa restos de flores nuas..
Sai para voar rompendo nuvens
Nos limites das camas. Das ruas.
Arde todo no amor obsceno.
Traduzindo o primeiro grito

Amordaçado em minhas frases.