sábado, 5 de setembro de 2009



Marco Struve


O frio embaça as janelas...

Marco Antonio Struve


O frio embaça as janelas.
Esse rosto na chuva te olha.
De novo toca esses vidros
Uma chuva longa escorrendo.

Por que esse frio sem voz?
Por que a chuva deslizando
Com a memória perdendo-se
Nas águas sujas de cada um?

Em que se guarda o amor
Quando nossa posse é consumada
Segundo um apenas desejar?

Perdi meu olho num grão de areia,
Num suspiro suspenso nas águas.
O tempo não mudou as janelas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Marco Struve




Ama

Marco Antonio Struve


Ama,
Arrancando com mãos feridas
As lanças de sangue
Cravadas em teu corpo,
Súbito arpão derrotado,
Derrubando o orvalho
E abrindo os olhos.
Detendo a rede estrelada.
Apertando com teus lábios,
Tua boca, tua voz,
A cor das letras e dias,
A catedral submersa
Dentro do gozo e da alma.
Infinito amar e esperar,
Teus seios recém descobertos,
Tua boca que amou,
Teus braços de tormenta,
Teus olhos navais.
Tu e eu reconhecemos o calor.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009


ST - Marco Struve
Não sei amar-te...
Marco Antonio Struve

Não sei amar-te,
Mas não sei cantar
Sem tua boca,
Porque os quebrantos
De teu olhar
Ardem em mim
E as tempestades
De setembro desabaram
Sobre nossas cabeças
Em pleno crepúsculo
Agregando roseiras e chão...

Nos dias cortados de fogo e fúria
Nos ferimos com dentes, beijos
E palavras.
E já não tínhamos nem céu,
Nem sombra,
Nem pele,
Nem uma lágrima áspera
Nos mares da lembrança.

De repente senti a impura miséria.
Solidão.
Por sangue e por ira.
Minha vida gasta em tantos...

Inverno.